Mulheres no mercado de games
O mercado de games para as mulheres tem crescido de forma exponencial. A ascensão pode ser comprovada pela edição mais recente da Pesquisa Games Brasil – PGB 2020. De acordo com o levantamento, o público gamer feminino já chega a um percentual de 61,9%. Sem contar homens, crianças e idosos, que aumentam ainda mais o número de consumidores.
Dessa forma, as perspectivas iniciais mostram um mercado com potencial promissor para os negócios liderados por mulheres com foco no nicho de games. Neste artigo, você conhecerá mais sobre a área e a presença feminina em uma das indústrias que mais crescem, além de dicas para empreender melhor. Acompanhe!
O mercado de games no Brasil
Com mais de 75,7 milhões de jogadores, o país movimentou cerca de US$ 1,5 bilhão em 2018 conforme indica um dos relatórios da consultoria Newzoo. Os números transformam o Brasil no 13º maior mercado de games do mundo, além de estar entre os cinco maiores consumidores de conteúdo mobile.
Dados da Fundação Getúlio Vargas – FGV indicam que há mais de 220 milhões de celulares no país, o que explica a popularidade da plataforma para jogos. Entre os principais motivos para a preferência de 86,7% estão: ter o smartphone sempre à mão, poder jogar de qualquer lugar e a qualidade gráfica. Ou seja, um nicho a ser explorado por empreendedores.
Vale destacar também que a 19ª Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia/PwC prevê um cenário bastante otimista para 2022. A projeção é que o mercado de games tenha um crescimento de 5,3% e um faturamento equivalente a US$ 1,756 bilhão.
A presença das mulheres no mercado de games
Tanto o crescimento da área como as possibilidades de atuação, aos poucos, começam a abrir espaço para a diversidade. Um mapeamento da Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Jogos Online, a Abragames, mostrou que a indústria de jogos contava com apenas 15% de mulheres no mercado de trabalho.
Sem contar o domínio maior dos homens, ainda há relatos de assédio, comentários sexistas, diferença nos salários, entre outras adversidades. Não apenas no ambiente de trabalho, mas também dentro dos jogos.
O percentual baixo da presença de mulheres, assim como o cenário, tende a mudar com as novas oportunidades que começam se abrir ao empreendedorismo feminino. Além de assumir os controles, elas têm conquistado o protagonismo também no mercado de trabalho.
Apesar de ser mais voltada para o entretenimento, a produção brasileira de jogos conta com segmentos que os pequenos negócios podem explorar em busca de inovação:
- Advergames como forma de divulgar marcas;
- Games para dispositivos móveis – celulares e tablets;
- Jogos educativos, pesquisas científicas e treinamentos corporativos;
- Business games com simulações de negócios;
- Gamificação em programas de fidelidade e produtividade;
- Realidade aumentada e realidade virtual.
Assim como as possibilidades, as áreas de atuação também são muitas. Desde atuar como produtoras independentes, em líderes do setor ou até mesmo abrir o próprio negócio, há oportunidades em diversos segmentos.
Dados coletados pelo Ministério da Cultura, por meio do 2º Censo da Indústria Brasileira de Jogos Digitais, indicam as áreas mais populares:
- Programação e desenvolvimento de jogos;
- Gestão de projetos;
- Administrativo e financeiro;
- Arte e design;
- Marketing e vendas.
Nesse cenário, é possível destacar o desenvolvimento de jogos como uma das carreiras mais promissoras. Criar as narrativas dos games, assim como o estilo visual, 2D ou 3D, também são áreas alternativas dentro do nicho. Embora ainda conte com a presença mais forte de homens no mercado, as mulheres começam a conquistar o seu espaço. Há alguns fatores que levam a esse caminho. Acompanhe a seguir!
Mudança no comportamento de consumo
O percentual elevado de jogadoras mostra o crescimento do interesse das mulheres por jogos eletrônicos, novos tipos de games e hardware mais robusto. Experiências únicas, narrativas diferenciadas, realidade virtual e desafios complexos são algumas das possibilidades que vêm sendo exploradas com um foco maior nesse público.
A valorização da presença feminina na indústria de jogos, seja como empreendedora, desenvolvedora ou jogadora, deve-se principalmente a uma mudança de comportamento. De olho no crescimento do nicho entre as mulheres, as empresas têm buscado esse público para o lançamento e a divulgação de novos produtos.
Vale destacar também que o contato com os games desde cedo pode influenciar na escolha da carreira profissional. Muitas pessoas transformam um hobby em profissão. E não é diferente para o mercado de jogos eletrônicos.
Isso significa, além de uma demanda maior, mais vagas, maiores chances de cargos elevados e reconhecimento profissional. Sem contar que a perspectiva feminina ajuda a disseminar uma cultura de igualdade de gênero e diversidade. São temas cada vez mais relevantes no mercado de trabalho e em todas as outras áreas.
O impacto visual é uma das maiores provas dessa mudança de comportamento. Os trajes mais apelativos cederam lugar a personagens cheias de poder, carisma e energia. O foco maior é na narrativa, a fim de atender o que esse público potencial espera.
Perspectiva feminina como tendência
Dessa forma, a tendência é ouvir cada vez mais as mulheres para decisões estratégicas sobre produtos e para aproximá-las do universo gamer. Além disso, utiliza-se a perspectiva feminina da indústria para fomentar uma mudança de mindset, ou mentalidade, quando os videogames entram em pauta.
Ao abrir espaço para a diversidade, o mercado favorece a presença das mulheres em todos os aspectos, como empreendedora, desenvolvedora ou jogadora. As empresas ganham novas aliadas, os games contam com outras perspectivas e toda a cadeia produtiva gera mais lucro.
Adotar uma postura mais inclusiva também contribui para a imagem do negócio, dentro e fora do ambiente de trabalho. Afinal, é na percepção do que acontece ao seu redor que estão os melhores insights para guiar os próximos passos no mercado e ganhar vantagem competitiva.
Seja pela representatividade ou como potencial de consumo, a perspectiva feminina veio para agregar e atender às demandas de um mundo globalizado. Para passar de fase, é preciso aproveitar todas as oportunidades à sua volta.
Mulheres que inspiram a indústria
Um dos exemplos mais famosos dessa mudança vem com a contribuição de Rhianna Pratchett. Ela foi uma das responsáveis pelo reboot da bem-sucedida franquia de Tomb Raider em 2013, que trouxe um realismo maior e com mais profundidade.
A personagem tem emoções e até defeitos, além de contar com um visual totalmente novo e modelado para a realidade no meio da selva. A representação icônica ficou para trás e deu lugar a uma mulher muito mais empoderada.
Outro nome bastante conhecido é o da designer de games Kim Swift. Ela se consagrou com os prêmios Inovação e Jogo do Ano da GDC Awards, pelo aclamado Portal, de 2007. Não é por acaso que a designer entrou para a lista das pessoas mais influentes na indústria de games.
Seu nome também está por trás da estética artística de Left 4 Dead, Lef 4 Dead 2 e Star Wars Battlefront II. A título de curiosidade, o feminismo é um tema que tende a aparecer em seus projetos, inclusive em Portal, que trouxe uma personagem mulher a um jogo de tiro em primeira pessoa, o FPS.
Inspiração de mulheres no mercado de games não falta. É o que mostra a trajetória de quase 30 anos da roteirista e diretora Amy Hennig. O que começou como freelancer de arte para um jogo da Atari virou profissão quando ela foi contratada como designer pela Electronic Arts.
Um de seus trabalhos mais conhecidos veio com a Naughty Dog, em 2003. Nesse ano, Hennig assumiu um protagonismo ainda maior como roteirista-chefe e diretora criativa da consagrada franquia Uncharted.
Exemplos do Japão
O Japão é conhecido por ter grandes nomes na indústria de jogos. Entre as mulheres, duas se destacam. Kodama, também conhecida por seu pseudônimo Phoenix Rie, foi uma das primeiras a se sobressair no desenvolvimento de games.
A artista, diretora e produtora fez nome na Sega, onde ajudou a criar diversas narrativas. A mais famosa é a do ouriço azul Sonic. Por falar em fama, outro nome familiar é o da japonesa Shimomura, uma das mais importantes compositoras de videogames do mundo.
Ela começou a sua carreira na Capcom e passou pela Square Enix. Shimomura emprestou não somente a sua criatividade, mas também as suas mãos para compor trilhas de jogos como Final Fantasy, Kingdom Hearts e Street Fighter II. Muitas de suas músicas, inclusive, foram apresentadas em concertos.
Dicas para empreender no mercado de jogos eletrônicos
No Brasil, os novos negócios são liderados, em sua maioria, por empreendedoras. Elas representam 51% das empresas abertas, o que mostra o crescimento das mulheres no mercado de games e em muitas outras áreas em todo o cenário nacional.
Apesar do movimento positivo em prol da diversidade, muitas donas de negócios ainda recebem menos do que os homens. Um percentual que chega a 22%. Esse, aliás, é um dos desafios do empreendedorismo feminino no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNADC, principalmente na área de games.
Diante dos desafios, porém, o empoderamento no mundo dos negócios recebe incentivos. Isso abre portas para novas ideias, bem como gera oportunidades para que as mulheres sigam em frente, seja em busca da independência financeira ou de uma fonte de renda. Confira, a seguir, algumas dicas para prosperar no mercado de games.
Conhecimento constante
Não apenas para quem quer empreender, mas também a todas as mulheres que buscam o aprendizado constante, o conhecimento é o melhor investimento. Por isso, é importante fazer uma especialização dentro da área de jogos eletrônicos, a fim de se tornar uma autoridade.
Quanto mais se aprende sobre o nicho, mais fácil fica definir o melhor caminho para a empresa. No setor de games não é diferente. Acompanhar as últimas tendências em jogos, ouvir os clientes e avaliar a concorrência são algumas formas de se especializar.
Análise do mercado
Com conhecimento atualizado, é possível se aprofundar no seu mercado e reconhecer fatores importantes para o negócio. Comportamento dos jogadores, influências no desejo de consumo, perfil da clientela, concorrentes em destaque, enfim, cada detalhe fará a diferença.
A partir da análise, as empreendedoras terão insumos para planejar ações estratégicas e ganhar diferencial competitivo em um mercado competitivo como o de games. Sem contar a possibilidade maior de aproveitar melhor as oportunidades a fim de gerar crescimento e projetar lançamentos que atendam o público.
Posicionamento e diversidade
O conhecimento da área ajuda na análise de mercado que, por sua vez, contribui para definir o melhor posicionamento da empresa. Os clientes, inclusive gamers, preferem marcas que se posicionam diante de assuntos socialmente relevantes e que adotem a diversidade. Vale para o seu dia a dia e para o próprio ambiente dos jogos.
É uma postura que pode trazer dois tipos de resultados. Um deles tem a ver com o vínculo e a proximidade maior com os jogadores. O outro trata das visões criadas dentro e fora da empresa, o que acaba por imprimir uma voz mais ativa ao empreendimento, aumentando a credibilidade no mercado de games.
Networking e troca de ideias
Seguindo o fluxo, com um bom posicionamento de mercado, o networking, ou rede de contatos, começa a ganhar corpo. Criar laços com os jogadores, colaboradores, fornecedores e negócios complementares pode levar a parcerias futuras, seja no desenvolvimento de jogos ou na estratégia de divulgação.
No caso das mulheres, vale entrar em contato com outras empreendedoras do ramo para trocar ideias ou propor ações conjuntas. Por meio da transformação digital, a web tem muitas ferramentas para incentivar o compartilhamento de experiências e a união de forças.
Investimentos financeiros
Gerenciar um negócio é muito mais do que acompanhar receitas e despesas ou promover o lançamento de jogos. É saber cortar custos quando necessário e investir em ativos que trazem boa rentabilidade. Isso significa gerar lucro para investimentos financeiros.
As aplicações podem ter objetivos diversos, desde reservas de emergência para imprevistos até produtos financeiros mais rentáveis para alavancar o negócio. O mais importante é estar preparada para lidar com qualquer situação e prosperar.
Ficou inspirada para deslanchar como essas mulheres no mercado de games? Além de ser uma das áreas mais promissoras da atualidade, ela também proporciona um leque cheio de oportunidades de atuação para negócios liderados por mulheres. Contar com a perspectiva feminina no desenvolvimento ou no consumo de jogos é uma forma de trazer novos ares para a indústria, fomentar a inclusão e incentivar a troca de ideias.
Fontes:
https://newzoo.com/insights/infographics/brazil-games-market-2018/
https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/pesti2018gvciappt.pdf
https://www.pwc.com.br/pt/outlook-18.html
https://www.forbes.com/special-report/2012/30-under-30/30-under-30_games.html