Sebrae Delas

Aspectos da empregabilidade (Plano B na era do Pós-Emprego)

Muitos especialistas de mercado e dos Recursos Humanos vão dizer a você que estamos nos transferindo para a chamada “Era do pós-emprego”. Uma sociedade na qual o conceito de empregabilidade ao qual estamos acostumados será extremamente rara e, em algum momento, deixará de existir.

Por hora, ainda parece abstrato pensar neste tipo de cenário. Mas a pandemia do novo coronavírus pode ter agido diretamente para que esta transição ao período do pós-emprego fosse agilizada e se tornasse cada vez mais intensa. Como será a vida da mulher empreendedora neste universo do pós-emprego?

As nuances desta nova empregabilidade são quase infinitas, mas podemos desde já tecer algumas previsões sobre como será viver e trabalhar neste novo contexto social pelo qual muitas mulheres já estão passando e outras irão também viver em um futuro mais ou menos próximo.

Neste e-book, vamos tratar dos aspectos da empregabilidade na época do pós-emprego. Aqui, você também irá encontrar conselhos sobre um bom plano B para este momento: o empreendedorismo que poderá fazer a diferença na sua vida e no seu futuro.

A era do pós-emprego

Dentre os vários efeitos que a internet trouxe à vida das pessoas, talvez nem mesmo o mais otimista dos especialistas pudesse prever que esta tecnologia seria capaz de modificar todo o nosso mercado de trabalho. Pois é exatamente isso o que está acontecendo. Na chamada era do pós-emprego, a internet faz a mediação entre as relações trabalhistas.

A ideia de emprego, como conhecemos, tende a gradativamente deixar de existir. Isso não quer dizer que não haverá trabalho, muito pelo contrário: trabalho não há de faltar. Mas o conceito de empregabilidade com carteira assinada, estabilidade, regularidade e venda direta de horas de serviços deve se tornar cada vez menos comum na maioria dos mercados.

Isso tem consequências positivas e negativas. Como positivas, podemos mencionar a maior liberdade tanto de patrões como de funcionários, horários mais flexíveis, home office feito de maneira mais otimizada e contratos de trabalho baseados em missões, e não em horas, além de uma remuneração maior por cada serviço.

Por outro lado, essa era do pós-emprego coloca o futuro da profissional em suas próprias mãos quase totalmente. Ela precisa planejar cada uma de suas ações, seus trabalhos, gerir melhor o próprio dinheiro e se organizar financeiramente para ter remunerações variáveis ao longo dos meses.

Um sinal da instauração deste modelo de pós-emprego está na “pejotização” dos contratos de trabalho. Hoje, cada vez mais profissionais possuem um CNPJ, tornando-se prestadores de serviços e não funcionários. Os contratos de trabalho no modelo CLT têm ano a ano um número reduzido de assinaturas, e isso já foi o suficiente para levar as autoridades a fazer uma reforma nas leis trabalhistas.

Se por um lado esta reforma tirou parte dos direitos dos trabalhadores, por outro, facilitou e tornou mais barato os atos de contratar e demitir. Isto significa que um profissional sem emprego pode ter menos dificuldade para se recolocar no mercado de trabalho, apesar de contar com menos direitos trabalhistas do que antes.

Além de a internet possibilitar relações de trabalho mais fluidas, flexíveis e menos duradouras, a automatização do trabalho proporcionada pela crescente tecnologia, pelos algoritmos e pelo avanço das máquinas está tornando cada vez menos numerosos os empregos baseados em meras habilidades técnicas repetitivas.

Por isso, cada vez mais é exigido dos clientes ter conhecimentos variados em diversas áreas profissionais, além de ter capacidade de autogestão e inteligência emocional para trabalhar com diferentes pessoas, seja presencialmente ou pela internet.

A era do pós-emprego ainda está no início, mas como você pode ter notado nos parágrafos anteriores, ela já está começando a mostrar alguns impactos.

Pós-emprego e a chamada Gig Economy

A ideia do pós-emprego está muito relacionada à ideia de Gig Economy. Enquanto na empregabilidade tradicional o trabalhador vende a sua força de trabalho para a empresa que o emprega, na Gig Economy esta relação de trabalho é diferente.

Aqui, o trabalhador não vende sua força de trabalho para o empregador, mas sim, para o cliente. Entre ambos existe um intermediador que recebe uma comissão pelo seu papel de conectar prestador de serviço e contratante. O exemplo mais claro disso são os aplicativos de transporte, bem como os apps de delivery de restaurantes.

A Gig Economy, naturalmente, também é uma via de mão dupla. Por um lado, ela permite a quase qualquer pessoa que trabalhe rapidamente sem passar por um processo seletivo, algo muito comum na empregabilidade convencional. Por outro lado, estes profissionais não gozam de quase nenhuma proteção trabalhista e não possuem qualquer vínculo empregatício, tendo que tomar mais cuidado consigo mesmo.

Ou seja, neste tipo de economia, se o profissional deseja ter plano de saúde e previdência para o futuro, precisa se programar e adquirir estes serviços por conta própria. Por outro lado, em um momento de necessidade, basta que ele pegue sua bicicleta ou outro veículo, baixe um aplicativo no celular e comece a trabalhar.

A verdade é que esta era do pós-emprego pode ser extremamente problemática para trabalhadores e empresários, especialmente as empreendedoras donas de micro empresas, pois este tipo de negócio é o que está mais sujeito às instabilidades pela qual a economia pode passar.

Inclusive, estamos passando por uma enorme instabilidade neste exato momento: a pandemia da Covid-19. É por isso que é necessário se preparar. Os próximos tempos podem trazer grandes oportunidades, mas riscos igualmente significativos. A partir dos próximos itens, vamos falar sobre as alternativas que as mulheres têm para encarar a era do pós-emprego da maneira mais confortável e lucrativa possível.

A mulher empreendedora no trabalho do futuro

Neste momento de transição, podemos experimentar tanto aspectos da empregabilidade tradicional como circunstâncias mais ligadas ao contexto do pós-emprego. E como a mulher empreendedora deve se posicionar diante deste cenário? Nos próximos itens, temos alguns insights que podem ser úteis.

Trabalho polivalente

Por muito tempo, profissionais e empreendedores eram extremamente especialistas no que faziam. Por um lado, faziam seu trabalho com grande destreza. Por outro, tinham dificuldade a se adaptar a outras tarefas ou ramos empresariais. A mulher empreendedora do período do pós-emprego precisa ser polivalente e dominar diferentes conhecimentos.

Isso porque, na era do pós-emprego, as relações de trabalho não irão acontecer de maneira tão hierarquizada e vertical. Tanto funcionários como empreendedores irão dividir funções técnicas, administrativas e estratégicas para o negócio. Por isso, não será suficiente à mulher empreendedora saber apenas sobre gestão.

Ela precisará dominar alguns conhecimentos técnicos sobre os produtos/serviços oferecidos por sua empresa, além de entender sobre recursos humanos e desenvolvimento de pessoas, conhecimentos econômicos e financeiros, técnicas de venda, marketing, branding e posicionamento de marca.

Para conhecer mais sobre cada uma destas áreas há diferentes cursos e conteúdos oferecidos às empreendedoras. O Sebrae mesmo oferece diversas oportunidades para a mulher empreendedora se preparar melhor e ser mais resiliente diante dos desafios desse novo paradigma do mercado.

Diferentes plataformas integradas de negócio

Na era do pós-emprego, a mulher empreendedora precisa levar a sua empresa para diferentes plataformas de venda e negociação, tudo isso simultaneamente. Ou seja, o Omnichannel (vários canais de venda integrados) deve ser uma realidade para quase todo empreendimento de sucesso no futuro.

Isto significa que a sua empresa terá de aprender a vender, ao mesmo tempo, presencialmente na loja física, nas redes sociais, no e-commerce próprio e no marketplace de grandes redes de varejo que podem levar o seu produto a ser comprado por clientes em todo o Brasil.

Naturalmente, isto não é obrigatório. Mas tomar esta abordagem multicanal aumenta as chances de sua empresa de prosperar, crescer e vender mais. Isso não significa abandonar as vendas físicas, mas realizá-las de maneira mais estratégica.

Não deixe de valorizar o mercado local

Mudando de público-alvo, muitas empresas acabam por deixar de lado o mercado local. Ao migrar para o e-commerce, empreendedoras deixam de lado operações presenciais ou de venda regional para se dedicar apenas à loja virtual. Isso pode ser um erro, dependendo do local e dos produtos/serviços que você oferece.

O mercado local pode oferecer um ativo extremamente valioso para qualquer empreendimento: fidelidade. Quem vende localmente e tem um público cativo não pode simplesmente abandonar este cliente. Mas como continuar vendendo para sua própria região enquanto negocia online?

Além de manter as vendas físicas, se for viável, pode-se também utilizar algum aplicativo de vendas locais, ou até mesmo as plataformas dedicadas de venda que as redes sociais oferecem para o seu negócio. Como seus clientes já te conhecem, fica mais fácil continuar vendendo.

Mas não deixe de pesquisar sobre a viabilidade das vendas digitais, especialmente no marketplace, ainda mais em tempos de pandemia. Se você ainda não conhece esse formato de vendas, daremos uma breve explicação.

O marketplace é um sistema de vendas no qual o seu pequeno empreendimento anuncia seus produtos nos sites de grandes redes de venda, com alcance nacional. Totalmente conectado à proposta da economia Gig, este sistema permite à sua empresa vender para clientes de todo o Brasil e aproveitar o sucesso e a credibilidade que a empresa detentora do Marketplace possui.

O custo disso é uma comissão paga ao Marketplace a cada venda feita, mas ainda assim, pode-se negociar neste modelo e obter uma boa margem de lucro. Utilize um hub de integração para unir todos os canais de venda que a sua empresa utiliza. Assim, você pode automatizar o processo de venda, reduzir custos e manter a receita das vendas lá em cima.

O plano B é empreender

Ao formular este conteúdo, pensamos nas mulheres empreendedoras que querem se consolidar no mercado, adaptando-se às novas relações de trabalho e às novas demandas dos consumidores. Mas também pensamos naquelas mulheres que ainda são funcionárias e sentem-se inseguras com relação ao próprio emprego.

Em uma economia que se encaminha para a era do pós-emprego, a figura do crachá será cada vez menos frequente, bem como contratos bem definidos de trabalho. Quem tem um emprego estável hoje pode ser demitido amanhã. Se você já tem mais de 40 anos, sabe quem que pode ser muito difícil se recolocar no mercado caso perca o seu emprego agora.

Além disso, há ainda aquelas mulheres que já passaram bons anos trabalhando em um emprego regular, mas que sentiram que é a hora de dar uma grande mudança na carreira.

Para todas estas pessoas, afirmamos com segurança: o plano B é empreender. Ao fazê-lo, você se torna dona de seu próprio negócio e pode, enfim, obter a autonomia financeira que é tão importante para se viver uma vida feliz. Certamente há riscos, mas seguindo as dicas que você viu neste e-book, será possível encarar esta jornada com mais tranquilidade.

O Brasil tem um número crescente de mulheres empreendedoras que já perceberam a necessidade de tocar o próprio negócio. O Brasil é um dos países do mundo no qual há o maior equilíbrio entre o número de novos empreendedores por gênero: são 19,9% mulheres e 19,1% homens em empreendimentos com até três anos de existência, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae através do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

O preconceito de gênero ainda faz com que as mulheres empreendedoras sejam menos bem-sucedidas do que os homens empresários. Entretanto, na futura sociedade do pós-emprego, a tendência é que homens e mulheres gozem de mais igualdade de oportunidades para lutar pelos seus negócios.

Conclusão

A nova economia do pós-emprego deve trazer desafios e oportunidades para todo mundo. Para quem espera continuar sendo funcionário, os desafios devem ser ainda maiores. Diante deste cenário, pode ser uma decisão muito assertiva migrar e se tornar uma empresária, tomando as rédeas da própria carreira e da própria vida.

Siga o caminho que julgar mais conveniente. Mas, se decidir permanecer como uma colaboradora, não descarte de maneira nenhuma o plano B do empreendedorismo e mantenha-se preparada caso este plano seja colocado em prática. Temos certeza que você irá prosperar.

Não deixe de acessar outros conteúdos e e-books do Sebrae Delas. Estes arquivos podem acabar fazendo a diferença para o seu conhecimento e para a sua experiência enquanto mulher empreendedora. Esperamos que tenha gostado e obrigado pela leitura!

Referência da pesquisa:

http://ibqp.org.br/wp-content/uploads/2017/07/AF-GEM-Nacional-BAIXA.pdf

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