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17.02.2021 Finanças

Eu e minha empresa. A importância de contas bancárias independentes

O empreendedorismo pode ser uma grande janela para o sucesso. Mais de 24 milhões de mulheres do Brasil são donas de uma empresa e lutam todos os dias para gerar emprego e renda. É um mercado no qual cada vez mais mulheres participam, com crescentes ganhos e transações financeiras cada vez maiores.

Todo mundo que empreende possui pelo menos uma conta bancária. Pode ser uma poupança, uma conta corrente, uma carteira de investimentos, enfim. Toda mulher empreendedora contrata algum tipo de serviço bancário. A relação entre a empreendedora e o banco precisa ser administrada sempre com muita cautela.

Embora os bancos sejam parceiros fundamentais para qualquer negócio, nunca deve se perder de vista que eles também são negócios com interesses próprios. Especialmente quando se deve dinheiro a um banco, eles podem ser rigorosos e pouco dispostos a negociar.

Não apenas na relação com os bancos, mas a própria gestão financeira da entrada e da saída de recursos deve ser feita sempre com muito cuidado e estratégia. Não basta que a sua empresa seja operacionalmente eficaz e venda produtos ou serviços por um bom preço. Ela também precisa saber bem o que faz com o dinheiro que ganha.

Você já deve ter ouvido alguém falar que é importante separar as suas contas pessoais das contas de sua empresa. Mas talvez você não compreenda bem o porquê desta ação ser tão importante para a gestão financeira de seu negócio e de sua própria vida.

É por isso que neste e-book do Sebrae Delas nós abordamos especialmente este assunto tão essencial para as suas finanças: a importância de contas bancárias independentes. Você também terá acesso a outras dicas que podem fazer a diferença na sua relação com o seu dinheiro e com o patrimônio do seu negócio. Agora relaxe e aproveite o conteúdo que o Sebrae Delas trouxe para você. Esperamos que goste e que seja útil ao seu trabalho. Boa leitura!

As contas bancárias da mulher empreendedora

Quase todo mundo tem uma conta bancária. Seja conta corrente ou poupança, todo mundo já se viu às voltas com uma instituição financeira. Mas à medida que a mulher abre um CNPJ, é altamente recomendável que ela inicie uma conta bancária empresarial totalmente independente de sua conta pessoal.

Um detalhe aqui: não é obrigatório que a empresária abra uma nova conta empresarial. Se ela quiser, pode permanecer apenas com uma conta pessoal para movimentar de maneira conjunta tanto o dinheiro da empresa como os ganhos dela mesma. Entretanto, como vamos mostrar adiante, esta é uma ação nada recomendável para qualquer empresário.

Especialmente entre microempresárias individuais (MEI), pode haver esta dúvida sobre a necessidade ou não de abrir uma conta separada individualmente. Afinal, estas empresas são bastante simples, de propriedade apenas da empresária, e muitas delas não possuem sequer funcionários.

Mesmo em casos como o descrito acima, continua sendo recomendável separar completamente as contas empresariais da conta pessoal. Há razões práticas, administrativas e contábeis que embasam esta recomendação.

A praticidade das contas independentes

É muito importante que as contas da empresa e da vida pessoal sejam separadas porque elas facilitam o seu cotidiano. Ao tornar estas duas contas independentes, você evitará utilizar o dinheiro da empresa para pagar despesas pessoais e vice-versa.

Parece que não há problema algum misturar este dinheiro em um primeiro momento. Com o pensamento de “depois eu devolvo”, muitas empresárias ainda acabam misturando os valores de suas contas e, por esquecimento ou preguiça, não retornam o valor, deixando o caixa da empresa no prejuízo.

Pode dar um pouco mais de trabalho ter dois cartões, dois números de conta e até duas senhas diferentes. Mas é melhor isso do que começar a misturar o dinheiro da empresa e o das despesas de casa e depois se ver em dívidas quase insolúveis causadas por esta confusão.

Além disso, muitos dos micro e pequenos empreendimentos são empresas prestadoras de serviços que atendem outros CNPJ ou podem até mesmo fazer negócios com o poder público. Nestes casos, pode ser que o cliente aceite fazer os pagamentos apenas para uma conta bancária CNPJ, obrigando a empreendedora e ter tanto a conta pessoal como uma conta empresarial.

Razões administrativas para a separação

Mesmo um micro empreendimento deve ser gerido com toda a seriedade e a precisão possível. Isto significa que a mulher empreendedora deve ter pleno controle de todas as entradas e saídas de dinheiro realizadas por seu empreendimento. Isso se torna muito mais fácil e assertivo se as contas de sua empresa e de sua vida pessoal forem separadas.

Até mesmo uma microempresa pode ser responsável por centenas de transações financeiras todos os meses. Imagine, agora, misturar todas estas transações às demais movimentações de dinheiro que você faz em sua vida pessoal, como receber sua remuneração, pagar contas, guardar dinheiro na poupança e outras ações.

Além disso, se falamos de empresas com funcionários ou que possuam mais de um sócio, torna-se quase obrigatório possuir contas separadas. Afinal, você estará lidando não apenas com seu patrimônio e o da própria empresa, mas também de outras pessoas que não podem ser afetadas por erros de gestão.

À medida que as movimentações de dinheiro são computadas separadamente, fica muito mais fácil para você utilizar, por exemplo, um software de gestão integrada que auxilie no monitoramento regular das contas do seu negócio.

As movimentações de dinheiro pessoal e empresarial, juntos, podem fazer com que as contas de sua empresa não fechem no fim do mês. E, se isso acontecer, você pode nem entender o porquê de estar faltando dinheiro no caixa.

Razões contábeis para a separação das contas

Toda empresa, mesmo um Micro Empreendimento Individual, precisa pagar impostos e prestar contas à Receita regularmente. Se a mulher empreendedora separar corretamente os recursos da empresa e do dinheiro pessoal, ela facilita muito mais a prestação de contas e o pagamento de impostos.

Mesmo porque o pagamento de impostos da empresa e da pessoa física também são feitos separadamente. Por isso, torna-se mais lógico ainda posicionar estes recursos em contas diferentes.

A empresária, se atingir renda tributável acima de R$ 28.559,70, precisa anualmente declarar o Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Mesmo que não atinja este valor, precisa se declara isenta do IRPF.

Empresárias que sejam donas de CNPJ enquadrado como MEI (faturamento anual de até R$ 81 mil) precisam anualmente fazer a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN) e, para isso, precisam ter o controle de todas as entradas de dinheiro na empresa.

Mesmo não pagando IRPJ de acordo com o lucro, como fazem as empresas maiores, estes empreendimentos também precisam ter plena administração sobre as movimentações financeiras e a emissão de notas fiscais. Até mesmo porque, caso tenha empregados, ela pode vir a pagar Imposto de Renda Retido na Fonte.

Se a sua pequena ou micro empresa está enquadrada no regime Simples Nacional, a sua relação com o Fisco é simplificada, mas ainda assim, exige atenção e separação das contas. Se o seu empreendimento se enquadra em regimes de Lucro Real ou Lucro Presumido, a separação entre o dinheiro pessoal e o empresarial é ainda mais indispensável.

Na conta onde é movimentado o dinheiro da empresa, apenas transações relacionadas ao empreendimento devem ser realizadas e registradas corretamente. O registro deve compreender as seguintes entradas e saídas de recursos:

  • Entrada dos recursos provenientes do pagamento de clientes;
  • Saída dos pagamentos de impostos em geral (Simples Nacional ou outros);
  • INSS das retiradas pró-labore;
  • Despesas contábeis;
  • Despesas relacionadas a tarifas bancárias;
  • Retiradas para sócios (pró-labore ou distribuição de lucros).

Se a empresária separar suas contas das contas da empresa, ela também facilita o trabalho dos profissionais contábeis responsáveis em ajudá-la na prestação de contas e no planejamento tributário da empresa, tornando essa atividade mais rápida, eficiente e com menor risco de erros que podem dar prejuízos à empresa.

Como retirar a sua própria remuneração

Mas se não juntar o dinheiro da empresa com o dinheiro pessoal, como a empreendedora pode fazer para retirar a remuneração pelo seu trabalho? Há duas maneiras de fazer isso. Se a empreendedora é a única proprietária de seu próprio negócio, ela pode fazer o chamado Pró-Labore.

O Pró-Labore, que significa “pelo trabalho”, é uma remuneração que a empresária recebe pelo seu próprio trabalho. Ela também é paga a sócios da sua empresa que também tenham função administrativa. Ele deve ser condizente com as atividades realizadas pela empresária e seu valor não deve comprometer as contas da empresa.

Sobre o Pró-Labore, deve ser pago INSS, obrigatoriamente. Para empresas que fazem parte do Simples Nacional, esta alíquota é fixa em 11%. Além disso, também incide sobre o Pró-Labore o Imposto de Renda de Pessoa Física. As alíquotas são definidas de acordo com o valor pago.

Confira as alíquotas de IRPF do pagamento pró-labore:

  • Isento – até R$ 1.903,98;
  • 7,5% – de 1.903,99 a R$ 2.826,65;
  • 15% – de R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05;
  • 22,5% – de R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68;
  • 27,5% – a partir de R$ 4.664,69.

Sobre todos estes valores, pode haver abatimento da cobrança para cada dependente legal que a empreendedora possuir.

A empresária pode usar este tipo de saque como uma remuneração fixa pelo seu trabalho e pelo trabalho de outros sócios que atuem com funções administrativas na empresa. Sócios que sejam apenas investidores e não trabalhem diretamente no negócio não devem receber Pró-Labore.

Além do Pró-Labore, a empresária também pode fazer a retirada dos lucros da empresa. Este tipo de retirada normalmente é feito de maneira anual, porém, também pode ser feita com uma periodicidade maior ou prever adiantamentos no pagamento do valor. Esses detalhes devem ser descritos no contrato social da empresa.

A retirada ou distribuição dos lucros é feita a partir do lucro líquido da empresa e sobre ela não incidem impostos, nem mesmo IRPF (o lucro sai do faturamento da empresa que, em tese, já teria sido tributado pelo Imposto de Renda de Pessoa Jurídica). Este tipo de remuneração pode ser feito à empresária e também a sócios a partir dos juros de seus investimentos, ou seja, sócios sem atuação administrativa na empresa.

O importante dessa história é que toda retirada de dinheiro feita para remuneração de proprietários e sócios deve ser devidamente registrada no livro contábil da empresa para evitar problemas de qualquer espécie, sejam eles contábeis, fiscais, financeiros, para a empresa, ou econômicos, para os sócios, reiterando a necessidade de haver contas separadas para a empresa e para as finanças pessoais.

Contas empresariais não devem ser misturadas com contas familiares

Até agora mencionamos a importância da separação entre finanças pessoais e finanças empresariais da mulher empreendedora. Tratamos do caso em que a conta pessoal da empresária possuía apenas seu próprio dinheiro. Porém, há muitos casos em que a mulher titular da conta é chefe de família e o dinheiro é utilizado por todos os membros da família.

Ou ainda contas bancárias na qual a titular seja a mulher, mas o marido também utilize a conta para as transações familiares. Nestes casos, a separação de contas é ainda mais indispensável à empresária. Afinal, se ela não é a única que transaciona dinheiro nesta conta corrente pessoal, torna-se ainda mais difícil monitorar o movimento deste capital, e isso pode acabar entrando em choque com as finanças da empresa.

Conclusão

Neste e-book você pôde entender melhor algumas boas razões para que as finanças de sua empresa e o seu dinheiro pessoal sejam geridos e armazenados de maneira totalmente independente. Embora possa dar um pouco mais de trabalho realizar esta gestão de maneira separada, você vai perceber que tanto a sua empresa como suas finanças pessoais só tem a ganhar.

Pode parecer algo trivial, mas muitas empresas – especialmente Micro Empreendimentos – acabam se metendo em dívidas insolúveis devido à falta de gestão causada pela mistura de dinheiro empresarial com dinheiro pessoal/familiar.

Esperamos que estas dicas tenham sido úteis a você. Não deixe de acessar outros conteúdos e e-books do Sebrae Delas!

Referência da pesquisa citada

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